Mulheres que se devotam a lacunas
A indeterminação como o oposto da ingenuidade em algumas escritoras
Apesar de ter sido forjada a marretadas no fogo impiedoso da filosofia analítica e de, portanto, conhecer Saul Kripke melhor do que conheço Jacques Derrida, tenho um fraco pela indeterminação. Ou pelas lacunas.
Comecei a esboçar o rascunho deste texto em 2017, mas, na época, nem eu compreendi muito bem o que queria dizer. Se minhas notas soltas giravam em torno de algo, eu mesma não sabia de quê. Tinha lido dois livros da Janet Malcolm em sequência, Anatomia de um julgamento: Ifigênia em Forest Hills e 41 inícios falsos (ambos da Companhia das Letras, ambos com excelente tradução de Pedro Maia Soares).